segunda-feira, 10 de maio de 2010

Aula Entrevista encerra curso para alfabetizadores

Noventa alunos da rede municipal de ensino de Nova Iguaçu que vivem o drama de não saber ler e escrever foram entrevistados por 130 professores que participaram de uma capacitação para corrigir as distorções série/idade em turmas do 3º ano do Ensino Fundamental, antiga 2ª série. O método conhecido como Aula Entrevista foi um dos pontos altos do curso de "Correção do Fluxo Escolar na Alfabetização", que terminou nesta sexta-feira (30/04) no município, e serve para que o professor tenha a oportunidade de conhecer a lógica do pensamento do aluno e direcione as ações a serem desenvolvidas.

De acordo com a psicóloga Kátia Oliveira, do Grupo de Estudos Sobre Metodologia de Pesquisa e Ação (GEEMPA), credenciado pelo Ministério da Educação (MEC) para atuar na correção da distorção série/idade, na Aula Entrevista o educador faz um diagnóstico minucioso do estudante a partir do conteúdo que ele traz. "O professor precisa entender que não existe dificuldade do aluno aprender e sim do professor ensinar. O educador não deve ficar apegado ao conhecimento, mas deve agir como cientista, que lê, escreve e constrói o conhecimento em grupo", enfatizou Kátia Oliveira, que é coordenadora do curso no Rio.


As entrevistas podem ser feitas individualmente e em grupo e ajuda o professor no planejamento das ações a serem desenvolvidas. A metodologia de alfabetização pós-construtivista usada pelo GEEMPA permite que o aluno que está na distorção série/idade –na rede iguaçuana são 3.200 estudantes nesta situação – seja alfabetizado num prazo máximo de cinco meses. De acordo com Kátia Oliveira daqui a 45 dias o grupo, que é do Rio Grande do Sul, retorna para fazer um segundo diagnóstico com os municípios que participaram do projeto.


A professora Denize Mendes Martins achou a nova proposta de alfabetização inovadora. "A estudante que entrevistei esta no 4º ano e não sabe ler. Reconhece o conjunto de letras, mas não sabe o alfabeto inteiro. Ao mesmo tempo, ela sabe que precisa das palavras para formar frases", explicou, acrescentando que desta forma é mais fácil analisar o próprio trabalho que realiza e achar uma direção para ajudar o aluno. Para a mãe do estudante Thiago Felippo, 9 anos, a nova metodologia é uma esperança para ver o filho ler e escrever. "Tive síndrome do pânico e não pude ajudá-lo. Trouxe ele aqui acreditando que as coisas podem começar a mudar", acredita a dona de casa Jaqueline Soares.


Promovido pelo MEC, o curso "Correção do Fluxo Escolar na Alfabetização" foi realizado na Universidade Geraldo Di Biasi e teve a participação de 130 professores alfabetizadores dos municípios de Nova Iguaçu, Mesquita, Japeri, São João da Barra, Araruama e Cariacica (ES). Durante os cinco dias de capacitação os professores aprenderam a trabalhar com jogos na cena didática, didática da alfabetização, aspectos antropológicos do aprender entre outras atividades.

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