Emoção e expectativa marcaram a aula inaugural do Programa Brasil Alfabetizado na
52º DP, em Nova Iguaçu, onde 30 detentos sonham mudar de vida por meio da leitura e da escrita. São duas turmas formadas por jovens com média de idade entre 18 e 34 anos, que durante oito meses serão alfabetizados. “Estamos dando a oportunidade de desfrutarem de um direito de vocês. Que é a educação”, disse a secretária de Educação Dilcéia Quintela, que incentivou os novos alfabetizandos a continuar os estudos após a conclusão do curso.
Para socializar os alunos as professoras prepararam uma dinâmica de grupo “o medo do desafio”, que além de descontrair levou reflexão para todos. De acordo com a coordenadora do programa, Jaqueline Ramos, inicialmente as aulas acontecerão duas vezes por semana, mas a partir de outubro será de segunda a quinta-feira. É que oficialmente as aulas começam em todo o município no dia 4 de outubro. O Brasil Alfabetizado, em Nova Iguaçu, já tirou mais de 21 mil pessoas do analfabetismo.
Para a professora Rogélia de Mello Cruz alfabetizar adultos é um grande desafio. “Vamos trabalhar com eles o reconhecimento. Alguns sabem ler, mas não escrevem”, disse a professora, que está a dois anos no projeto. A subsecretária de Projetos Especiais, Marciana Moreira, se emocionou com os relatos. “O legal desse programa é que a escola vem até o aluno. As aulas podem ser num centro comunitário ou numa delegacia”, enfatizou. Nas aulas são trabalhados conteúdos de português e matemática com ênfase nos ensinamentos de Paulo Freire.
Inicialmente acanhados, aos poucos os alunos da turma da manhã foram se soltando e revelando o que desejam: sair do analfabetismo. Há 10 dias recluso, Jéferson Carlos de São José Teixeira, 22, quer fazer da oportunidade um trampolim para mudar de vida. “Minha mãe nem sabe que estou aqui. Quero continuar estudando e fazer o contrário do que fiz até agora”, revelou. Morador de Paracambi quer ver a mãe para pedir perdão.
Quem também quer reencontrar o caminho que perdeu é Carlos Pereira, 18 anos. “Isso aqui não é vida para ninguém. Quero ter uma nova vida”, disse. Para o inspetor Rodrigo Ribeiro, as ações de cidadania ajudam a acalmar os presos. “Eles chegam à carceragem contando o que estão vivendo e isso faz diferença”, explicou, acrescentando que a DP tem atualmente cerca de 380 detentos.
Este é o terceiro ano que presos da carceragem desta delegacia participam do curso de alfabetização iniciado na gestão do delegado Orlando Zacone, que humanizou a carceragem ao levar serviços de saúde, educação e cultura com exibição de filmes e documentários para os detentos.
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